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             Quem teve  prejuízo em 2008 com a volatilidade da Bolsa de Valores pode compensar parte das  perdas com a restituição do imposto retido na fonte com as operações. A venda de  ações têm retenção na fonte de 0,05%, no caso do mercado comum e de 1% no caso  de operações day-trade (compra e venda concluídas no mesmo dia).  
             
            "O  investidor não só pode como deve declarar o prejuízo que teve com ações. A crise  da bolsa foi ruim para todos que nela investiram e o que pode ser aproveitado  disso é a restituição do imposto" afirma o advogado tributarista Samir Choaib,  do escritório Choaib, Paiva e Justo Advogados Associados.  
             
            E não são  poucos os investidores que terão de acertar as contas com o Leão. Apesar de 2008  ter sido um ano tumultuado para a renda variável, com perdas expressivas para  quem fez aplicações em ações, o número de investidores na Bolsa de Valores de  São Paulo (Bovespa) cresceu no ano passado. Passou de 456.557 em dezembro de  2007 para 537.863 em janeiro de 2009.  
             
            COMO DECLARAR 
             
            A  forma de declarar as ações é motivo de dúvidas por parte de muitos investidores.  A recomendação dos especialistas é informar o lucro ou prejuízo com a venda de  ações mês a mês, no Anexo "Renda Variável" da declaração de ajuste. O programa  da Receita faz o cálculo e informa se houve lucros ou estoque de prejuízo.  Choaib pede atenção a um detalhe: o prejuízo deve ser informado com o sinal  negativo (-). "É necessário colocar o sinal negativo na frente do valor, senão o  programa da Receita entende como lucro e calcula 15% de imposto a pagar",  diz. 
             
            O programa da Receita totaliza os ganhos ou prejuízo até 31/12/2008.  "Se o contribuinte terminou 2008 com prejuízo, ele pode compensar esse prejuízo  de duas formas: pode manter esse imposto retido para compensação do primeiro  recolhimento de impostos, ou pode pedir restituição desse 0,05% retido na  fonte", diz Oswaldo Nascimento, professor do Centro de Estudos e Formação do  Patrimônio Calil & Calil.  
             
            Se o contribuinte quiser restituir esse  imposto, ele deve preencher o campo "Imposto Pago" da declaração o valor do  imposto, já calculado pelo programa. "Quem teve prejuízo com ações em 2008 pode  ter esse pequeno alívio." 
             
            O contribuinte deve saber que ações são  informadas pelo custo de aquisição, e não pela cotação em 31/12/2008. "Outro  ponto importante é que a venda de ações no mercado à vista por valor de até R$  20mil por mês é isenta. Mesmo com lucro, não é tributável", explica a  tributarista Elisabeth Libertuci, da Libertuci Advogados Associados.  
             
            Na  hora de declarar renda variável, o contribuinte deve informar o estoque de ações  em 31/12/2008 na ficha de "Bens"; os ganhos tributáveis em "Rendimentos de  Tributação Exclusiva" e os ganhos com isenção de IR no campo "Rendimentos  Isentos". 
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            Recuperação judicial cresce 297%
            Falta de crédito leva 135 empresas a  suspender pagamentos no 1º bimestre, ante 34 no mesmo período de  2008 
             
            Marcelo Rehder 
            Asfixiadas pela falta de  crédito, 135 empresas entraram com pedido de recuperação judicial no primeiro  bimestre em todo o País. O número supera em 297% o registrado em janeiro e  fevereiro de 2008, quando apenas 34 empresas tinham apresentado esse tipo de  pedido a seus credores. 
             
            Os dados são de um levantamento divulgado ontem  pela Serasa Experian. Em fevereiro, o número de pedidos teve queda de 17,5%,  porque o mês teve menos dias úteis que janeiro. O levantamento também revelou  crescimento de 473% na quantidade de pedidos atendidos no período. Nos dois  primeiros meses de 2009 houve 86 registros, ante 15 nos mesmos meses do ano  passado. 
             
            Segundo Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da  Serasa, os pedidos de recuperação judicial apresentados nos últimos meses vieram  de grandes e médias empresas que têm enfrentado dificuldades financeiras  crescentes desde outubro, em razão dos efeitos da crise financeira mundial. De  lá para cá, o crédito ficou escasso no mercado doméstico e no exterior, os juros  subiram, os prazos de financiamento ficaram mais curtos e os bancos passaram a  ser ainda mais seletivos na concessão de crédito.  
             
            "As empresas que  vieram ao longo de 2007 e 2008 tomando cada vez mais empréstimos para financiar  seus investimentos, tiveram de rever suas estratégias e enfrentar queda da  produção e da demanda, o que teve forte impacto no fluxo de caixa", explicou  Almeida. "Além disso, a inadimplência do consumidor também afetou a  rentabilidade das empresas menos capitalizadas." 
             
            Para ele, a tendência é  de um primeiro semestre ainda de dificuldades para as empresas. As estatísticas  de crédito referentes a janeiro, divulgadas pelo Banco Central, mostram que o  valor das operações de financiamento às empresas caiu 1,9% em relação a  dezembro. Já para a pessoa física, o crédito aumentou 1,4% no período. "O  mercado de crédito ainda não voltou ao normal, o que sinaliza dificuldades pela  frente." 
             
            Essa tendência é reforçada pelo movimento nos escritórios de  advocacia especializados em recuperação judicial. Para o advogado Sergio  Emerenciano, do escritório Emerenciano, Baggio e Associados, a demanda por esse  tipo de serviço deve continuar em alta. Nos próximos dias, o escritório do qual  Emerenciano é sócio deverá apresentar pedido de recuperação judicial em nome de  mais um frigorífico. Com este, serão sete os frigoríficos que já fizeram esse  tipo de pedido. A empresa, cujo nome não foi divulgado, tem sede no interior  paulista e deve algo em torno de R$ 40 milhões. "O problema é a falta de capital  de giro", diz o advogado. "As empresas investiram pesado, com base no crédito  bancário, e viram esse crédito ser cortado de uma hora para outra."   
             
             
            FRASES 
             
            Carlos Henrique de  Almeida 
            assessor da Serasa 
             
            "A inadimplência do consumidor afetou a  rentabilidade das empresas menos capitalizadas" 
             
            "O mercado de crédito  ainda não voltou ao normal, o que sinaliza dificuldades pela frente" 
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