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Governo quer liberar FGTS e incentivar acordo trabalhista
Saque ajudaria trabalhador a reforçar renda perdida com reduções de jornada e salário
KENNEDY ALENCAR e JULIANNA SOFIA
Preocupado com o desemprego, que continuou subindo em janeiro, o governo já  estuda uma forma de facilitar acordos coletivos com redução de jornada de  trabalho e de salário. Além de avaliar a possibilidade de reduzir tributos sobre  a folha de pessoal durante o prazo do acordo, a equipe econômica analisa  permitir que o trabalhador possa sacar parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo  de Serviço) para complementar a renda perdida.
Com o aval do presidente Luiz  Inácio Lula da Silva, a proposta, próxima ao que defende a Fiesp (Federação da  Indústria do Estado de São Paulo), começou a ser discutida ontem à noite em  reunião no Ministério da Fazenda.
Participaram os ministros Guido Mantega  (Fazenda), Carlos Lupi (Trabalho) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência  da República), além do assessor especial Bernard Appy, que coordena os  estudos.
O governo já tem números preliminares indicando que o fechamento de  postos de trabalho no mercado formal continuou em janeiro, apesar de os dados  preliminares indicarem que foi menor que as 654 mil vagas fechadas em dezembro.  Oficialmente, Lupi tem dito que a situação vai melhorar a partir de março, mas a  queda registrada no nível de atividade da indústria no final do ano passado traz  dúvidas a essa projeção.
A proposta em estudo no governo -que ainda precisará  de aprovação de Lula- prevê que o governo reduza temporariamente tributos sobre  a folha de pessoal, o que diminui o custo de produção. Em troca, apurou a  Folha, as empresas beneficiadas pela medida devem se  comprometer com a manutenção dos empregos. A CUT (Central Única dos  Trabalhadores), ligada ao PT, já se manifestou contra essa medida.
No caso  dos trabalhadores, a ideia é que parte do dinheiro depositado no FGTS possa ser  sacada mensalmente, durante o acordo, para complementar a renda. A avaliação  preliminar do governo é que esse tipo de mudança pode ser feito sem mudança na  atual legislação trabalhista. O governo estuda ainda a ampliação no número de  parcelas do seguro-desemprego, uma reivindicação das centrais  sindicais.
Conforme a Folha publicou ontem, acordos prevendo  flexibilização do contrato de trabalho já atingem 40,6 mil metalúrgicos no  Estado de São Paulo desde o agravamento da crise. São funcionários de 66  empresas, que adotaram, com o aval dos sindicatos, medidas como banco de horas e  redução de jornada de trabalho com queda proporcional do salário.
Dados  divulgados pelo IBGE na segunda-feira passada mostram ainda que o emprego na  indústria teve a maior queda em oito anos: recuou 1,8% em dezembro na comparação  livre de influências sazonais com novembro. Foi a maior retração da série  história do instituto iniciada em 2001.
Foi o terceiro mês consecutivo de  redução no nível de emprego na indústria. Nesse período, impulsionado pelo  impacto da crise, a perda acumulada chega a 2,5%.